ÞÓRR (THOR) Deus do Trovão

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010 em

Filho de Óðinn (Odin) e Jörd, a Mãe-Terra, é o deus do trovão, o mais carismático dos deuses do panteão germânico. Casado com a deusa Sif, do trigo. Sua arma, o martelo de pedra Mjöllnir. Cavalga uma carruagem puxada por dois bodes. De sua união com a bela deusa Sif, nasceu sua filha Þrúðr (Thrud), enquanto que a giganta Jarnsaxa, sua amante, lhe deu dois filhos, Magni e Modi, que seriam herdeiros do prodigioso martelo Mjöllnir. E os gigantes são seus eternos inimigos, com os quais está sempre lutando.

Origens do nome:

A origem da palavra está na raiz indo-germânica(s) ten, que se prende ao verbo stanjan (em alemão moderno stoehner – gemer). No antigo indú, segundo Fr. Kluge e A. Goetze (Dicionário Etimológico da Língua Alemã, Berlim, 1853) a raiz deu stanáyati (rugir), que passou a táryati (trovejar), com a queda do “s”. No latim temos, naturalmente, toñare, e no persa tundar (trovão). No antigo nórdico (Old Norse), aparece Þórr, no antigo alto alemão, thonar, antigo saxão, thunar, antigo frisão, thunor, médio alto alemão, doner, toner, donre, dunre (verbo dunen), médio baixo alemão dunner e doner (verbo dæren), médio neerlandês, donre, anglo-saxão, Þunor (verbo Þunian), novo alto alemão, donner (verbo donnern), novo neerlandês, donder, e inglês, thunder.

Dia da semana de dedicação:

O dia da semana dedicado a Þórr era a Quinta-feira. Daí as formas do germano primitivo, Þonares dag, e Old Norse, Þorsdagr, que deu no sueco e no dinamarquês Torsdag. Ao novo alto alemão Donnerstag (dunrdach, baixo alemão, dor(n)sdch, médio alemão, donstig, alto alemão) corresponde o médio alto alemão, donerstac (médio baixo alemão, doner(s)-dach; antigo alto alemão Donaros tag). O inglês Thursday proveio do anglo-saxão Þunres dæg (Old Norse oriental Þur(e)sdaeg).
Citações na Edda Poética: 

O ciclo de Þórr referente à Edda Poética compreende as baladas Hýmiskviða (“A Balada de Hymir”), Hárbarzljóð (“A Balada de Harbard”) e Alvíssmál (“A Balada de Alvís”).
Não há dúvida que a mitologia considera o deus da tempestade como filho de Óðinn, pois, nas baladas Þrymskviða (“A Balada de Þrym”) e Hýmiskviða, é designado por “filho de Óðinn”, “filho de Ygg” e “rebento de Óðinn”. Por outro lado Loki diz que sua mãe é Jörd, a Terra. Na Völuspá (“A Profecia da Vidente”) aparece na qualidade de “o mais forte dos deuses” e “o enérgico príncipe dos deuses”. Sua incumbência de proteger o mundo e os homens é igualmente testemunha na Völuspá, quando se fala no extraordinário feito de matar Jörmungandr, a serpente circundadora da Terra, que quer devorar a humanidade. Daí a designação de “o matador da serpente”.
Na balada Hárbarzljóð, ele conta que abateu muitas gigantas ”mais semelhantes a lobas”. Aliás, nutre ódio tremendo à raça dos gigantes, contra a qual está sempre em luta, sobretudo no Oriente, pelo que se chama na Hýmiskviða, “adversário e domador dos gigantes”. É o exterminador de gigantes. Descrevem-no como um guerreiro grande e muito forte, belo, sempre armado do martelo, o seu emblema; uma grande barba ruiva pende-lhe sobre o peito; as vezes chamam-no “aquele que tem a barba ruiva”; sua voz é estrondosa e penetrante; dos olhos escapam-se-lhe chispas. Reside num palácio particular, o Bilskirnir, e tem um fâmulo que o serve, Þjálfi (Thialfi). Com base em outras fontes, os manuais de mitologia lhe conferem ainda a atribuição de favorecer as plantações e colheitas, o que se liga ao fato de ser filho da “Mãe-Terra”. Na Edda Poética não há referência a essa atribuição.  
O poeta anônimo relata a rusticidade do deus em várias passagens: na balada Þrymskviða, disfarçado de noiva, come um boi e oito salmões e bebe três tonéis de hidromel; e, na balada Hýmiskviða, devora nada menos que oito bois inteiros. Na Lokassena (“A Altercação de Loki”) e na Hárbarzljóð menciona-se um momento de fraqueza do deus tonante, pois se conta que, tremendo de medo, se teria escondido na luva de um gigante. Apesar de Þórr desempenhar papel de destaque nas baladas édicas, entre os povos germanos do oeste é figura secundária. Na balada Alvíssmál, o deus das tempestades se revela astucioso e até mesmo traidor, ao manter o diálogo com o anão Alvís durante toda a noite, esperando que os primeiros raios do sol lhe venham petrificar.
   
Personalidade:

Quanto à característica de sua personalidade é descrito, atravessando ruidosamente os ares num carro puxado por dois bodes (ou cabras), Tanngnjóst e Tanngrisnir. Por isso chamado de Ökuþórr ("Þórr da carruagem"). Também é chamado de “senhor dos bodes” na balada Hýmiskviða, onde se alude a um osso do animal que Loki induziu alguém a roubar, aparecendo depois, em conseqüência, um bode manco. Esse pormenor se relaciona com a tradição mitológica, segundo a qual o deus matara o ruminante, comia a carne e guardava os ossos, para deles obter novos bodes. Pelo mesmo motivo, Þórr é muitas vezes identificado com o diabo, que é representado com chifres e em lugar de um dos pés, uma pata de cabra. São correntes as locações interjetivas na Alemanha atualmente: “Donnerweter!” e “Kreuz Donner-weter!” com o significado de “com todos os diabos”.

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